Dom Jaime Spengler Arcebispo de Porto Alegre
Aconteceu de 3 a 28 de outubro, em Roma, convocada pelo Papa Francisco, a XV Assembleia do Sínodo dos Bispos.
Após as assembleias sinodais de 2014 e 2015 que refletiram o tema “Sobre o amor na família”, a Igreja decidiu abordar questões relativas à realidade juvenil.
Bispos eleitos pelas Conferências Episcopais dos diversos países, outros nomeados pelo Papa Francisco, representantes da Vida Consagrada, peritos e jovens dos cinco continentes reuniram-se para refletir o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
Provenientes de contextos culturais e eclesiais distintos, os participantes compartilharam suas alegrias e esperanças, preocupações e desafios relacionados com o mundo juvenil.
As diversas intervenções na sala do Sínodo, as observações nascidas dos grupos linguísticos de trabalho e o material recolhido e sintetizado no ‘Instrumentum Laboris’, fruto de um grande esforço para envolver os jovens na preparação da assembleia sinodal, formaram a base sobre a qual se desenvolveram as reflexões e debates entre os participantes da mesma.
O documento final do Sínodo, entregue ao Papa, possui 167 parágrafos divididos em três capítulos, referidos respectivamente a três verbos: reconhecer, interpretar e escolher, e se inspira na cena evangélica dos ‘discípulos de Emaús’ (Lc 24,13-35).
Trata-se de um texto com uma visão ampla sobre a realidade juvenil mundial; não somente sobre os jovens engajados na vida da comunidade eclesial, mas também sobre jovens indiferentes, agnósticos, participantes de outras expressões religiosas ou ateus. Há referências aos mais diversos temas e situações vividas pela juventude: a falta de oportunidades, desemprego, drogadição, abusos de todo tipo, migração, refugiados, corporeidade, afetividade, sexualidade, homossexualidade, família, meio ambiente, injustiças, formas de exclusão e marginalização, tráfico humano, novas tecnologias, mídias sociais.
Os debates durante o Sínodo expressaram uma grande complexidade e diversidade de situações. Isso porque a Igreja está imersa no contexto em que vive. As diversidades se multiplicam e a complexidade que as caracterizam desafia. Tal situação representa um grande desafio positivo para a Igreja, chamada a ser cada vez mais plural. Estando presente em diferentes culturas, ela precisa criar canais de diálogo com as mesmas, a fim de cumprir sua missão de anunciar de forma livre, crível, respeitosa e ousada o Evangelho da Vida a todos os povos.
O Sínodo poderia ser caracterizado como sendo um evento quase milagroso. Pessoas provenientes de tantos contextos sócio-político-culturais e eclesiais distintos e que compartilham a mesma fé, reunidas para refletir sobre essa parcela da sociedade que representa o futuro, o amanhã e a esperança.
Inicia-se agora uma nova etapa: fazer chegar às diversas expressões juvenis o que foi debatido ao longo desse processo sinodal até o momento. As questões levantadas e as preocupações expressas devem ser agora traduzidas em iniciativas e práticas. O Sínodo neste sentido lançou as bases para um novo impulso na missão de acompanhar os jovens no caminho da fé e do discernimento vocacional
(CNBB - Artigos dos Bispos - publicado em 16/11/2018)