Os números não são claros considerando a abrangência nacional, mas em todos os lados fala-se em crise vocacional. Há notícias que já em 1950 o papa Pio XII alertava sobre tal realidade. Atualmente, ordenados e consagrados envelhecem e as novas gerações optam por outros caminhos vocacionais. Mas, a resposta para tal realidade não precisa ser temerosa. Vocação existe, existiu e continuará existindo. É o que sustenta o arcebispo de Palmas (TO), dom Pedro Brito Guimarães, em artigo publicado nesta semana no portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A vocação, escreveu, “como tudo na vida, precisa ser descoberta, despertada, promovida e cultivada”. Para o prelado, que foi presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB no último quadriênio, a crise vocacional é proporcional à credibilidade eclesial e a vitalidade da vida cristã: “Quanto mais fraca e frágil forem a eficiência e a eficácia eclesiais, menos vocações teremos”.
Dom Pedro sustenta que é preciso assumir o protagonismo na promoção das vocações, que são dons de Deus, mas que compreendem uma missão humana de cuidá-la e cultivá-la. “Se no final dos esforços vocacionais não tivermos vocações que a comunidade precisa, ainda assim, devemos nos render e afirmar: vocação existe. Basta descobri-la, cultivá-la e promovê-la”.
A partir desta reflexão, foi sugerido um aprofundamento de tal pensamento, apontando como a Igreja pode aprimorar, para além dos serviços de animação vocacional e de forma prática, as ações de descobrir, cultivar e promover vocações. A resposta inicia com uma citação a São João Paulo II: “é necessário e urgente organizar uma pastoral das vocações para que seja ampla e capilar, que chegue às paróquias, aos centros educativos e às famílias, suscitando uma reflexão atenta aos valores essenciais da vida, que se resumem claramente na resposta que cada um está sendo convidado a dar diante do apelo de Deus, especialmente quando ele pede a total entrega de si e de suas próprias forças para a causa do Reino”.
Na sequência, o arcebispo da capital tocantinense revela que há “um código de barra em cada vocação, que precisa ser decodificado”. Ele recorda que o itinerário é bem conhecido: despertar, discernir, cultivar e acompanhar as vocações e os vocacionados. “Os livros, os meios, os métodos, as técnicas, as dinâmicas e as linguagens ajudam muito. Mas, uma Pastoral Vocacional orante e celebrativa, propositiva e criativa, existencial e testemunhal também ajudam muito”, salienta. “No entanto, nada substitui o testemunho de vida. A maior, a melhor e a mais eficaz propaganda vocacional são o testemunho de vida, pessoal e comunitário”, elucidou.
“O ‘vinde e vede’ é a melhor propaganda vocacional. O testemunho é a mediação privilegiada e insubstituível de toda a Pastoral Vocacional. Nada e ninguém poderá substituí-lo. Por que Jesus atraia tantos discípulos missionários para estarem com Ele e para serem enviados em missão? Porque trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana e amou com coração humano (GS 22). E chamou a quem Ele quis para estarem com Ele (Mc 3,15)”, sublinhou.