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Foto do escritorPASCOM - Perpétuo Socorro

Campanha da Fraternidade 2017


Dom Orlando Brandes Arcebispo de Aparecida (SP)

O tema desta Campanha é essencialmente ecológico: “Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida.” O lema fundamentado na Sagrada Escritura é um mandamento, uma ordem do Criador: “Cultivar e guardar a criação.” (Gn 2,15). Deus criou o jardim por amor. O homem criou o deserto por ganância. Há uma rapidez na destruição da natureza e um lentidão na sua recuperação. Biomas são regiões, um conjunto de vida vegetal, animal, climática e bacias hidrográficas. Tudo está interligado. No Brasil temos seis regiões (biomas), saber: a Amazônia, o Cerrado, a Caatinga, a Mata Atlântica, o Pantanal e o Pampa. Todas as regiões estão sendo depredadas, saqueadas, destruídas. O homem que devia ser cuidador da nossa casa comum, tornou-se destruidor. Devia ser um “homem sábio”, mas devasta tudo, comportando-se como um “homem demente.”

A Campanha da Fraternidade vem mais uma vez nos alertar, nos advertir, nos conscientizar do perigo e das consequências maléficas do “pecado cósmico”. Já ensinava Paulo Apóstolo que “a criação geme e sofre dores de parto” (Rm 8,22). O Papa Francisco, profeta de nossos tempos, dirige-se a cada pessoa que habita no Planeta Terra e clama por uma “conversão ecológica, uma cultura ambiental e uma espiritualidade defensora da natureza.” A terra transformou-se num “depósito de lixo”, diz o Papa, e lamenta que muita gente ainda tenha atitude de indiferença, desinteresse, resignação, diante de tanta destruição.

Ainda é tempo de salvar a Terra. O ser humano tem capacidade de mudar. Sim é urgente mudar a mentalidade das pessoas, corrigir o atual estilo de vida e decidir por um desenvolvimento integral que não seja destruidor, mas, sustentável.

No texto-base da CF há uma referência ao rio Paraíba do Sul, no qual foi pescada a imagem da Mãe Aparecida e que Santo Antonio de Santana Galvão chamava de rio santo. Nosso rio precisa ser despoluído e revitalizado. Para isso é preciso saneamento básico.

E agora, o que fazer? Primeiro, vamos ler e divulgar o texto-base. A gente aprende muito lendo este livrinho. Ofereça sementes para as crianças plantar; adquira mudas de árvores e plante-as; não desperdicemos água, luz e procuremos usar menos o automóvel. Usemos o transporte público, andemos de bicicleta e a pé. Façamos como muitas paróquias estão fazendo: mutirão de coleta de lixo e educação ecológica para o povo. É pecado deixar água estagnada porque vamos morrer picados pelo mosquito da dengue, zika, chicunguya, febre amarela. Gestos pequenos trazem grandes resultados. É melhor agir do que lamentar ou angustiar-se. Somos todos irmãos. Cuidemos da nossa casa comum.

Todo nosso cuidado com a natureza tem seu fundamento no amor do Criador. Ele está presente em todo o Universo e na mais pequenina das criaturas. Deus está num grão de areia. Tudo o que existe é sinal da providência, da sabedoria, da beleza, do amor de Deus: “o amor move o sol e as demais estrelas” (Dante A.)

Cuidar da criação é um ato de amor fraterno e social. Zelemos pela vida humana, pelas futuras gerações, pela casa de todos. Vamos sim proteger os ovos de tartaruga que estão sendo destruídos, mas vamos cuidar do embrião humano, desde a fecundação e cuidar dos pobres. Eis o que significa “ecologia humana”. No amor ecológico, está o amor a Deus e ao próximo.

O Meio Ambiente está cheio de chagas causadas pelo sistema econômico mundial e os modelos de crescimento. A conversão ecológica consiste em passar do consumo ao sacrifício, da avidez à generosidade, do desperdício à partilha. Não estamos sozinhos, somos uma família na terra.

São Francisco, padroeiro da ecologia, amou os pobres e deu atenção às criaturas. Vivia em harmonia com Deus, com o próximo, com a natureza e consigo mesmo. Mostrou que é inseparável o amor pela criação, a justiça com os pobres, o amor a Deus, a paz interior e o empenho pela sociedade. Ou mudamos, ou pereceremos. Vamos mudar, pois o sistema atual é insustentável. Vida sim, morte não!


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